Assim que chego no hotel, no dia
anterior, vejo minhas msgs e tenho um surpresa bem desagradável.
O gerente de Lagos, que não é
muito meu fã. Simplesmente não havia mandado os convites que eu tinha enviado
para ele para ser encaminhado a todos os clientes.
Bem que eu achei estranho que
nenhum cara de outras empresas havia aparecido para o treinamento.
Mas pensei
que era por conta da Pascoa, que é alta temporada para eles com muito
movimento. E que provavelmente não quiseram enviar seus mecânicos e desfalcar seus
times.
Mas não foi isso, os clientes
simplesmente não sabiam....
Toca eu a ligar ara todos com uma
desculpa bem esfarrapada convidando para o treinamento.
Para nossa alegria no dia seguinte quase todos estavam lá.
Mas ai veio uma questão que não esperávamos.
Caras feias, desconfiadas e
insatisfeitas, dos mecânicos “donos da casa”
Antes de chamar o chicote,
optamos pelo nosso jeto.
- Pessoal hj não temos empresas
aqui, não temos tribos, não temos nacionalidades. Temos nigerianos que juntos vão
aprender. Inclusive nós hj somos nigerianos, por favor só não falem com a gente
em Igbo, hausa, funali, Calabar ou Yoruba, preferimos ingles mesmo!
E PAU NO GATO!!!
O calor estava escaldante, ainda
mais dentro de uma caixa de motor de ônibus...
Mas estava bonito de ver a
interação do pessoal e a forma como todos estavam trabalhando juntos e
muito
mais focados e participativos, mesmo no período da tarde.
O dia correu sem nenhuma novidade,
muito trabalho, muito sol.
Ai...... no fim do dia quando estávamos
para ir embora . Aguardando próximos ao portão.
Uma discussão homérica começa bem
próximo a nós. Quem gritava era o mesmo cara da “rasgada”.
Nem fico olhando quando eles
discutem mas, de repente, ouço um estalo. Sabia o que poderia ser mas não
queria acreditar.
Ai olhei a discução e vi o que
não queria ver.
Antes de contar o que vi cabe uma
explicação: Todo ônibus possui dois funcionários um é o motorista e o outro é o
condoctor que é o assistente do motorista. Mas não dirige o onibis em hipótese alguma.
Pois bem.
Um condoctor simplesmente decidiu
manobrar um ônibus, e fez uma mudança de marcha errada com um baita barulho.
Era ele que estava tomando a
dura.
O primeiro estalo, que eu não vi,
não sei o que foi. Mas o segundo foi um tapa na cara de mão cheia , daqueles
que abrem o relógio de pulso.
E o cara ali , imóvel, quieto,
subjulgado e tudo que vc possa imaginar.
A cena foi de embrulhar o
estomago. Pela violencia de um e pelo subjulgo do outro. Na frente de todos, e
todos quietos.
Ai, acho que o cara não se deu
por satisfeito e quis ir alem.
Que tal fazer ele ser corrigido
por um branco?
E tinha um ali dando sopa: EU!
Ele me chama, me coloca na frente
do jovem, conta o que aconteceu e por que ele bateu e pede para que eu o
repreenda.
Eu sei o que isso significa aqui.
A palavra de um branco na frente de todos em uma situação daquela.
E eu ali.
Não sou o super homem, não sou
santo e muito menos tenho sangue de barata.
Mas como sair daquela situação?
Eu precisava ajudar a um e ao
outro.
Eu não queria falar nada queria
sair daquela situação. Mas ei que a omissão não é uma boa escolha.
Respirei fundo, olhei para os
dois e perguntei ao que tinha me chamado:
- Posso falar?
- Claro diga a ele que o que ele fez
é errado!
Na minha cabeça, passavam mil
coisas.
Pessoas que admiro, minha família,
meus sobrinhos, meus amigos. Uma foi providencial, um jovem da cidade de Assis
que dizia:
- É preciso aprender a engolir
espinhos e cuspir flores
Nesse momento mais uma respirada
profunda e lenta:
- My brother, nós estamos aqui
para ensinar e treinar os mecânicos. Mostrar o que eles podem e não podem fazer.
Eu falava baixo e da maneira mais
doce possível olhando ele nos olhos. A cada palavra eu só pensava no jovem de Assis,
e não me importava com o que ia falar , mas sim, com o que ele iria sentir das
minhas palavras.
- Eu sei que você só quis ajudar.
Assim como os mecânicos aqui só querem ajudar. Mas as vezes eles erram, mesmo
querendo ajudar. Vou falar para você o que falo para todos eles. Se vc não sabe
peça ajuda, pois pode causar um problema para vc e para os outros. Mesmo que
sua intenção seja apena ajudar. Por favor eu te peço não faça mais isso.
Um certo silencio permaneceu por
alguns segundos.
O jovem me olhava com um olhar,
de dor e agradecimento mas principalmente muita tristeza.
Desejo que o coração de um seja
aquecido e do outro também a ponto de amolecer. Mas sei que o caminho para
ambos é longo assim como o meu.
Muito obrigado ao jovem Francisco
de Assis, por se fazer presente meu coração.
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