sexta-feira, 21 de outubro de 2016

UM POUCO DE ALEGRIA A QUEM POUCO TEM



Um final de semana  e mais dois dias da semana trancado em casa arrumando um lap top, podem levar uma pessoa a loucura!!!!!

Quando me vi andando de um lado para o outro como um bicho de ZOO, lembrei que tinha que ir resolver algumas coisas na rua e fui dar uma volta. 

Fui andando pela Vila Leopoldina com minha camera e me lembrei de uma ideia de um projeto com fotografia, que seria fotografar moradores de rua e entregar para eles uma fotografia deles impressa, pois creio que não possuem nenhuma... 

Em poucos quarteirões próximo a minha consegui os dois primeiros..... e fugi rapidinho de alguns nóias..... Para quem conhece sabe como esta a Av. Gastão Vidigal. Se passei 4 anos na Nigéria e NADA me aconteceu, não ia dar sopa por aqui.


SEO RUBENS

Esse é o senhor Rubens, eu ia passando com minha máquina e ele me chamou e pediu uma foto.

Começamos a conversar e ele começou a me contar sua história, esta a 22 anos fora de sua cidade natal, Feira de Santana, seu maior sonho é voltar para la onde esta sua família, é pintor e mora nas ruas guardando carros a 6 anos. 

Foi uma conversa emocionante onde ele chorou, desabafou e ainda conseguiu me dar um belo sorriso ao final.

A conversa fluia de maneira meio truncada, pois creio os anos de rua, sem referencias e talvez drogas, tenham afetado de maneira irreversível o raciocínio e o encadeamento de ideias.

Como ele mesmo me dizia a todo momento: "Sou cachorro loco, e tenho muito historia para contar!"

Mas suas historias nao passavam da frase que queria voltar para Feira de Santana.

Eu a todo o momento, tentando desenvolver uma assunto o chamava de Francisco.

Ato falho talvez. Ate que disse para ele:

- Poxa Seo Rubens me desculpe, eu  estou chamando o Sr. de Francisco, acho que e por que estou lembrando de Sao Francisco de Assis

Para minha surpresa, ele deu um sorriso lucido e disse:


- Conheço ele, foi um grande santo! Ja li sobre a vida dele...

Mas alguns instantes depois começou a repetir o desejo de voltar e as lagrimas vieram. 

Conversamos mais um pouco e assim que ele se acalmou e estava mais tranquilo, pedi que ele fechasse os olhos e se lembrasse de uma coisa boa na vida dele que lhe dava muita alegria. 

Quando ele abriu os olhos, perguntei se ele poderia me dar um sorriso, que veio limpo e natural.

Prometi para ele que no dia seguinte levarias as fotos para ele ter com ele e sempre se lembrar... 













Seo Rubens recebendo suas fotos


SEO CLAUDINO


Andei mais um quarteirão e encontro com o Seo Claudino, 

De Inicio ele foi resistente, queria dinheiro, disse que eu publicaria a foto dele no jornal e iria ganhar dinheiro com isso.

Eu sorria para ele e dizia o meu proposito e se ele aceitava ou não, se ele não aceitasse tudo bem eu ia embora, mas queria conversar com ele saber um pouco da vida dele.

Ai ele aceito rapidamente e disse: Senta ai, fica a vontade!

Nos íamos conversando e eu fotografando.

Ele me disse ter 59 anos, que veio de Minas Gerais, trabalhou 19 anos em uma fundição em Osasco, esta na rua há 3 anos. Seu maior amigo é seu cão Thor. 

Contou que tem ex-esposa e duas filhas, mas que não se entendia com a família do pai da ex-esposa e que brigou com todos. Tambem comentou que tinha um advogado cuidando de uma ação trabalhista dele, pois trabalho 19 anos sem registro e que assim que tudo fosse resolvido ele iria para casa e teria uma vida tranquila.

Sei que pode parecer uma historia desconexa, mas estou  praticamente transcrevendo o que gravei, mas tambem acredito que em alguns momentos da vida o que pode manter uma pessoa lutando pela sobrevivência sejam seus sonhos, ou alucinações.

A dureza das ruas tem um efeito devastador sobre uma pessoa.

Perguntei se era perigoso morar ali, ele disse que não que tinha bastante policia por ali.

Eu podia notar que sua cabana, no meio da Av. Gastao Vidigal, era toda organizada , limpinha dentro do possível, e ao fundo uma pequena mala bem fechadinha.

Quando me despedi, disse que passaria la no dia seguinte para entregar as fotos... ele sorriu e nao acreditou.

Eu passei, mas ele nao estava em casa







Seo Claudino não estava em casa....


OS NOIAS
Andando mais um pouco, encontrei mais um casal, assim que se aproximaram vi que não ia dar certo.

Percebi de cara os danos do crack e o rapaz tinha três pintas pretas, tatuadas na mão. Para quem não sabe o que significam, elas são marcas feitas na cadeia para identificar que roubou, matou e cometeu estupro.

Expliquei minha proposta, quem sabe eu estaria errado.

Mas não estava!

Não aceitaram queriam dinheiro, a menina estava muito alterada e disse que seu eu quisesse fazer fotos dela pelada e de sexo explicito ela faria por um bom dinheiro.

Fui me afastando sutilmente e sorrindo, agradecendo a atenção.

Por isso que digo que e uma ideia simples mas tem seus riscos e achei melhor nao arriscar mais do que aquilo ali, naquele momento.

ALCIDES
Atravessando  a rua, na calcada de um Banco vejo um senhor arrumando uma caixa de madeira.

Mesma abordagem,e ele foi o mais simpatico de todos!!

Perguntei seu nome começamos a conversar e ele me interrompeu e disse:

- Qual seu nome?
- Lucas
- Então vamos para com esse negocio de Senhor... é Lucas e Alcides!!

Sorrimos, apertamos as mãos e continuamos a conversar.

Ele me disse que era cidadão do mundo, nascido no Brasil, e que estava ali somente até a chuva passar e assim que passasse ele iria voltar para casa e que estava tudo bem!

Enquanto ele falava eu ia fotografando e conversando.

Quando cabei eu perguntei se poderia passar amanha para entregar as fotos, para minha surpresa ele me pergunta:

- Que horas? Por que eu tenho “meus corres para fazer no CEASA e estou aqui amanha até umas 11:00hs depois só no fim do dia.

Dizia isso com peculiar orgulho de seu trabalho e compromisso.

Quando pedi que se lembrasse de algo que o alegrava, ele abriu um sorriso largo e disse sem pestanejar:

- Jesus! Esse é o cara!








LEANDRA, JAMILIE E BIA
Já estava em casa, quando vou na sacada fumar e vejo uma família na frente do supermercado, eram duas mulheres e quatro crianças.

Desci e fui tentar a sorte.

Uma das mãe não aceitou, mas a outra quis fazer e as meninas se empolgaram.
A conversa não andava, a mão parece que estava receosa de falar da vida dela, apenas disse que não morava na rua que estava ali apenas para conseguir alguma comida para casa.

Um moça passou e perguntou se ela aceitava sapatos, ela disse que sim e as meninas quase se jogaram dentro do carro...

Cada uma das meninas me pediu uma foto dela e claro, como toda criança  queriam ver como tinham saído na foto na hora. Pediram outra pois não estavam bonitas, arrumaram o cabelo e deram um belo sorriso.

Quando me despedi a pequena bia queria vir comigo de qualquer jeito, mas foi contida pela mãe daquela maneira dura, assim como suas vidas.








E assim começou um projeto simples, fazer o que todo fotógrafo faz com maestria: Conversar e clicar.

Nesses quatro “ensaios” aprendi MUITO!

Aprendi que preciso ser mais claro ao expor minhas ideias,
Aprendi que tenho que falar mais devagar,
Aprendi que tenho que ser mais rápido em capturar os momentos decisivos,
Aprendi que toda negociação começa melhor com um sorriso.

E o mais importante, lembrei que sempre  podemos fazer algo por menor que sejam nossos recursos.

Se você conhece alguma ONG que tenha interesse nesse projeto e que tenha contato com esse publico , peço a gentileza que me indique, pois é sempre bom unir esforços.


Mais uma vez, quando achei que estava dando algo para alguém recebi muito mais do que poderia imaginar...

Aos meus amigos fotógrafos que gostaram da ideia e querem participar, digo que o projeto não é meu. Eu apenas resolvi fazer e estou fazendo.

Pegue sua câmera saia às ruas e faça como faz para seus clientes mais importantes.
Com o mesmo zelo, carinho e amor que tem por cada clique que faz, e principalmente CONVERSE com as pessoas vera o quanto pode aprender sobre a vida!

TODAS AS FOTOS SÃO TRATADAS IMPRESSAS E PLASTIFICADAS

TODAS AS FOTOS SÃO TRATADAS IMPRESSAS E PLASTIFICADAS




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