Quem segue meu blog e lê minhas histórias, certamente notou as centenas de erros de português, pontuações, vírgulas no lugar errado enfim toda sorte de falhas.
Isso, por que noventa por cento dos posts sempre escrevi diretamente da Nigeria. Normalmente de madrugada, com a internet e a luz caindo toda hora e após um dia de trabalho intenso.
Minha ideia era tentar passar o "calor"e a emoção do momento, sem a menor preocupação com o resto, uma escrita meio "nervosa" sem apusas.
Quando estava fazendo cursinho lá em 1992, tive contato com um poema de Manuel Bandeira que me acompanha até os dias de hoje, e me inspirou para escrever da forma como escrevo:
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto espediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas.
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar & agraves mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare.
- Não quero saber do lirismo que não é libertação.
Manuel Bandeira BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José Aguilar, 1974.Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto espediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas.
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar & agraves mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare.
- Não quero saber do lirismo que não é libertação.
O post de hoje escrevo de casa, sem pressa, sem pressão, mas talvez seja o mais difícil deles.
Uma história nunca chega ao fim.
Afinal tudo aquilo que se aprendeu, viveu, compartilhou nunca sairá de dentro de nós.
Então, a forma como a vida segue muda mas o que vivemos no passado sempre estará fazendo parte das histórias do futuro.
A quatro anos atrás recebi uma proposta de trabalho e este blog teve início antes mesmo de minha primeira viagem.
Foram 10 viagens e quase tudo foi contado aqui.
Faltaram alguns detalhes, como todas as ligações feitas para a minha avo na fila de embarque, onde a emoção da partida, o medo e a insegurança do que estava por vir vinham a tona junto com lágrimas e um enorme aperto no coração. Eram o últimos momentos em que eu tinha a oportunidade de desabafar, pois dali para frente era pauleira garantida , sem a menor chance de baixar a guarda.
Então, chorei muito em minhas partidas *rs*
Fiz muito amigos, que me ensinaram com o exemplo de suas vidas.
Aprendi como conviver, trabalhar, respeitar e principalmente admirar culturas completamente diferentes da minha. Tive que sair de dentro da minha caixinha, ate mesmo para aprender o inglês que falado por la. Não era uma questão de vocabulário ou gramatica, mas sim uma questão de como cada povo pensa para construir suas orações e expressar suas ideias.
Entendi a importância FUNDAMENTAL de coisas simples, como uma cama limpa e um pouco de comida sem pimenta e limpa também.
Vi e presenciei a dureza do dia a dia de um povo sofrido, oprimido e subjugado ao poder do dinheiro e da força.
Sempre disse que não precisaria ir para a Nigéria para ver e viver tudo isso, mas a vida me colocou naquele pais junto daquele povo, que aprendi a respeitar e a amar.
Cheguei a passar meses sozinho em um quarto de hotel quando nos finais de semana, o máximo que podia fazer era dar uma volta no quarteirão.
Após poucas viagens minha maior dificuldade era lembrar de minha condição racial e obvia, eu sou branco de olhos claros. Coisa que para mim nunca fez nenhuma diferença, mas la era questão de ser ouvido ou não, respeitado e considerado ou não.
Chegava a fazer piada com isso, em vários momento eu dizia para eles:
- Eu sou Igbo!
Espantados e sem entender minha ironia eles perguntavam:
- Mas como ? Você e Branco!!!
E eu retrucava:
- Sabe o Michael Jackson? Então, eu tenho a mesma doença de pele que ele por isso sou branco!
A risada era garantida e o clima perdia sua natural tensão.
Eu, que não troco uma lampada em casa, aprendi a fazer manutenção em ônibus, instalar bombas de combustível, quem diria.
Levei para a Nigéria um novo amigo que a vida me presenteou, e pude ver acontecendo uma magia na minha frente. Vi que quando se fala com o coração, sua mensagem sera entendida, não importa o idioma. Mas claro ele ajuda muito e facilita a vida, não vou menosprezar as aulas de inglês que tanto me ajudaram a encurtar o caminho.
Como tudo fica mais divertido quando se esta acompanhado de um amigo!!!!!
Bom, tudo isso para dizer que esta etapa esta encerrada cheia de aprendizados e alegrias colecionadas.
Agradeço a empresa que me possibilitou esta experiencia unica e enriquecedora, aos amigos que fiz durante a caminhada, e a vcs que despenderam seu tempo lendo minhas historias e participando delas comigo.
Essa etapa se encerrou, mas não sera o fim deste blog que criei com todo carinho, apenas
as minhas historias ao vivo diretamente da Nigeria chegaram ao fim, ainda tenho algumas anotações para colocar aqui e farei em breve.
Quem me conhece sabe que nao sou de ficar quieto no canto e quieto, espero em breve ter novas historias e coisas interessantes para contar, afinal, escrever se tornou um vicio e viver é uma eterna aventura.


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