Ufa... um tempinho para atualizar algumas histórias que ficaram pendentes....
No post Aniversário da FAVOR fiquei devendo a história do meu motorista que na ultima temporada sempre chegava atrasado.
Antes de contar o que houve é bom lembrar um pouco como é o Steve.
De todas as pessoas que conheço na Nigéria, talvez ele seja uma das pessoas com maior senso de dignidade, honestidade, responsabilidade. Sem contar a simpatia, carisma e prontidão para o trabalho.
Sei que já disse isso, mas vale repetir é a única pessoa que nunca me pediu absolutamente nada. Faz seu trabalho me acompanha, me tira de enrascadas com a polícia quando somos parados (quase que diariamente) e nunca pediu nada a mais por isso.
Quando o conhecemos, a primeira semana dele foi um desastre...... atrasava, se perdia e acabava ficando nervoso com isso. O que claro só piorava a situação.
Quase o trocamos mas resolvemos dar mais uma chance, afinal não é fácil encontrar alguém que tenha ao menos boa vontade e empenho. Ele só estava meio atrapalhado.
Na vez seguinte que fui para a Nigéria, foi impressionante a mudança dele. Pontual como um britânico!!! Marcava com ele as 7:00 da manhã e quando era 6:50 eles ja estava no estacionamento tirando um cochilo dentro do carro. Foi uma temporada sem perhaps e uma oportunidade única de conhece-lo, já que eu estava sozinho, sem o chefe, e ele fica mais a vontade para conversar.
Inclusive nessa viagem aconteceu um fato marcante, quase no fim de minha viagem estava um voltando para o hotel e vi que o Steve estava quieto, sem ouvir as musicas tradicionais dele. Tinha alguma coisa estranha.
Perguntei se estava tudo bem, ai ele me solta a bucha no colo...
- "Masta (que é como ele me chama) minha filha esta mal. Minha esposa deixou uma garrafa de gasolina ao alcance dela e ela tomou gasolina que usamos para o gerador de casa. Ela esta a 3 dias no hospital e acabou meu dinheiro, vou ter que tirar ela do hospital..."
Nessa hora ja estava revirando meus bolsos, pois sabia que estava acontecendo algo e o meu sentimento me dizia que era verdade. Histórias triste ouço todos os dias por lá mas sei muito bem qual é a intenção final... E não era o caso ali.
Ele me disse que o hospital estava cobrando 6 mil nairas para continuar o tratamento (pouco menos de 30 dólares), vale lembrar que lá não existe assistência médica gratuita, mesmo sendo pública.
Ali no carro tinha 7 mil nairas no bolso, fiquei quieto.
Fomos conversando eu perguntando da família, da filha, quando tinha acontecido como foi tudo. Ele me contava com os olhos marejados cada detalhe.
A correria, o susto até a chegada no hospital e o inicio do tratamento de desintoxicação.
Quase chegando no hotel eu dei para ele o que eu tinha, os 7 mil nairas, parecia que estava tirando um piano das costas daquele pai que cuidava da família de uma maneira extremamente carinhosa e zelosa.
Faltava uma semana para encerrar minha viagem então resolvi antecipar um pequeno presente que ja estava guardado para ele. Pedi que ele me esperasse no estacionamento.
Novamente uma missão difícil, dar algo. Mas não apenas dar o algo e sim um significado para aquilo. Como já disse para não imprimir a sensação de mendicância, ou submissão pela força.
Eu o chamei e disse:
- Steve, eu ia te dar isso no fim da minha viagem. Mas eu acho que será mais útil agora nesse momento.
Eu quero que você saiba que eu não estou dando isso pela história da sua filha. Não estou dando isso por conta de uma história triste que me contou. (vcs não imaginam como é difícil falar isso).
Estou te dando este dinheiro pois vc é um bom profissional, esta se dedicando ao seu trabalho. E é ele que vai sempre te ajudar, a sua responsabilidade, sua força de vontade sempre se lembre que com seu trabalho irá conquistar o que quer, e só com ele. Não com histórias tristes para gringos de coração mole como muitos fazem aqui e vc sabe disso."
Com os olhos marejados mas o coração leve e um sorriso quase infantil ele me agradeceu e foi correndo cuidar da filha...
De noite ele me liga pois a esposa queria falar comigo, eu apenas repeti para ela tudo que tinha dito ao marido.
NOSSA ... mas não era essa história que eu ia contar *rs* Esse post é para contar do atraso do motorista, mas a história serviu para saberem um pouco mais sobre essa pessoa que me ajuda muito por lá.
Bem voltando ao título do post
Nessa viagem o Steve não deu uma bola dentro.... praticamente atrasado todos os dias, e com o chefe junto a coisa ia ficando tensa.
Depois de quase quinze dias de atrasos e eu tentando de todas as formas evitar novos.
Quase chegando no hotel eu dei para ele o que eu tinha, os 7 mil nairas, parecia que estava tirando um piano das costas daquele pai que cuidava da família de uma maneira extremamente carinhosa e zelosa.
Faltava uma semana para encerrar minha viagem então resolvi antecipar um pequeno presente que ja estava guardado para ele. Pedi que ele me esperasse no estacionamento.
Novamente uma missão difícil, dar algo. Mas não apenas dar o algo e sim um significado para aquilo. Como já disse para não imprimir a sensação de mendicância, ou submissão pela força.
Eu o chamei e disse:
- Steve, eu ia te dar isso no fim da minha viagem. Mas eu acho que será mais útil agora nesse momento.
Eu quero que você saiba que eu não estou dando isso pela história da sua filha. Não estou dando isso por conta de uma história triste que me contou. (vcs não imaginam como é difícil falar isso).
Estou te dando este dinheiro pois vc é um bom profissional, esta se dedicando ao seu trabalho. E é ele que vai sempre te ajudar, a sua responsabilidade, sua força de vontade sempre se lembre que com seu trabalho irá conquistar o que quer, e só com ele. Não com histórias tristes para gringos de coração mole como muitos fazem aqui e vc sabe disso."
Com os olhos marejados mas o coração leve e um sorriso quase infantil ele me agradeceu e foi correndo cuidar da filha...
De noite ele me liga pois a esposa queria falar comigo, eu apenas repeti para ela tudo que tinha dito ao marido.
NOSSA ... mas não era essa história que eu ia contar *rs* Esse post é para contar do atraso do motorista, mas a história serviu para saberem um pouco mais sobre essa pessoa que me ajuda muito por lá.
Bem voltando ao título do post
Nessa viagem o Steve não deu uma bola dentro.... praticamente atrasado todos os dias, e com o chefe junto a coisa ia ficando tensa.
Depois de quase quinze dias de atrasos e eu tentando de todas as formas evitar novos.
Tentei de um tudo foi conversa engraçada, foi uma dura, foi pedido de socorro, até os berros e gritos que tanto detesto, mas que quase sempre funcionam, mas desta vez não funcionava e nao sabia mais o q fazer.
E ele nada de chegar no horário.
Até um dia que não aguentei, e chamei para conversar com calma sem pressão.
- Steve o que ta acontecendo? Por favor me fala.
- "Masta" eu estou com malária e tá difícil acordar cedo.
Eu pensei bastante.....
Acho que vale a pena parar por aqui.... Boa reflexão a todos
E ele nada de chegar no horário.
Até um dia que não aguentei, e chamei para conversar com calma sem pressão.
- Steve o que ta acontecendo? Por favor me fala.
- "Masta" eu estou com malária e tá difícil acordar cedo.
Eu pensei bastante.....
Acho que vale a pena parar por aqui.... Boa reflexão a todos
Sou estudante de Serviço Social,e a Questão Social a nível mundial é algo que gostaria de focar no meu trabalho de conclusão de curso.Gostaria de tirar algumas dúvidas futuramente se possível,pois quero usar o blog como fonte de pesquisa.Obrigada Cíntia
ResponderExcluirOla Cintia, Que bacana saber que minhas histórias podem ser uteis de alguma maneira.
ExcluirFique a vontade para usar o material
Qualquer dúvida me avise