quarta-feira, 9 de setembro de 2015

PARTE 2 - TRABALHANDO COM NIGERIANOS COMO NIGERIANO


Mais um dia de trabalho, em uma oficina para verificar, se o que foi transmitido estava sendo utilizado.

Desta vez uma expectativa maior, afinal, era na nossa própria oficina!

Assim que chegamos nenhum movimento...

Ninguém estava por lá.

Ai já percebemos o esforço que foi a semana de treinamento. Uma semana inteira das 9:00 às 16:30, com uma hora ou menos de almoço sem parar. E com supervisão constante.

Para os nossos padrões pode parecer moleza, mas não é para os padrões deles.

A produtividade é bem baixa, a dispersão de tempo, falta de organização e principalmente a falta de uma rotina de trabalho estabelecida faz com que tudo ande muito devagar.

Costumo dizer que é meio "da mão para boca", o dia de hoje e nada mais. O que se aprendeu ontem foi esquecido e o que virá amanha nem é cogitado.

Ver isso tão claramente já nos fez pensar em muitas alterações para os proximos cursos. Uma melhor maneira de transmitir a informação de forma que possa ser lembrada e util no dia a dia, trazendo um resultado efetivo para eles e suas empresas.

Não adianta estabelecer métodos, rotinas etc.

Não é acultura deles, é a NOSSA!!

Ai está o desafio, como implementar algo efetivo em um meio de pensar tão diferente? Onde a simples determinação de rotinas já é garantia que algo não será feito. 

Mais uma vez é preciso observar. E apenas observar.

Para depois, pensar e ver qual a melhor maneira de que algo seja feito. Não se pode ficar preso às rotinas de manuais, aos métodos consagrados etc.

Tudo isso tem sem valor, mas para aqueles que pensam dentro desta maneira.

Não se pode esquecer que sempre trabalhamos com seres humanos em sua mais completa e complexa diversidade.

Sempre digo que admiro muito a maneira das empresas americanas venderem, minha única crítica é que, na maioria da vezes, eles se prendem às técnicas e métodos. Esquecendo do fator humano. E é ai que a porca torce o rabo.

Tudo ajuda, claro, mas se o olhar sem julgamento, sem critica pode tornar o entendimento mais facil.

Apenas observar o que é.

Posso afirmar que o caminho a ser criado será muito mais eficiente. Mas também sei que é dificil mudar paradigmas.

Ai nós olhamos para um mecânico nosso, que todos os dias estava alegre sorridente e animado.

Mas naquele dia estava quieto, lento.

Notamos que algo estava estranho. O natural seria apertar, pedir maior empenho e agilidade pois precisavamos liberar o carro que estavamos trabalhando.

Mas algo não estava certo..

Nos aproximamos:

- Ronaldinho tá tudo bem? (esse apelido pegou)
- Ta .

Coloco a mão no ombro dele e só para confirmar pergunto:

- Esta com malária?
- Sim.

Ele ardia em febre e suava como uma tampa de chaleira. 

Devagar, desorganizado, sem prioridades mas estava lá.

Trabalhando e com malária.

E esse é o ambiente onde algo novo deve ser implementado.

Mudar uma cultura, adaptar, criar algo novo?

Assim como porcos espinham procriam, sabemos que devemos ir com muito, muito, mas muito cuidado e sem a nossa caracteristica pressa de homem ocidental.

Uma nova forma de pensar é necessária, nem melhor nem pior. 

Apenas Nova e que respeite as diferenças.


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