terça-feira, 2 de julho de 2013

Doces, uma boa maneira de quebrar o gelo (mas é preciso aprender como se faz)

Em todas as viagens meu chefe sempre leva uma mala cheia de doces, balas, chocolates e afins.
Em todas as reuniões que íamos ele levava alguma coisa, eu disse em TODAS.

Assim que chegamos ele distribuí aos presentes as guloseimas, mas sempre jogando (com cuidado) para as pessoas. Isso vale para o porteiro ou para uma secretária de governo. O sucesso deste pequeno gesto me impressionava.

Então resolvi nesta viagem fazer o mesmo, levei meia mala com quitutes!!!!!

De saída, ou melhor de entrada já foram bem úteis (como podem ler no post Início da Viagem).

No processo de aprendizagem vc pode: Observar e entender como algo funciona, repetir (uma forma que esta dando certo) ou fazer como vc acha melhor..... essa ultima é meio arriscada (rs)

Eu optei por fazer do meu jeito ai........ vejam como foi (rs):

Estava em nosso escritório em Mazamaza (aquela região esquecida por Deus Mazamaza Post), estava trabalhando em uma sala com o pessoal de lá (Equipe de trabalho), uma coisa curiosa sempre acontece é um entra e sai de gente que não tem absolutamente nada que fazer por lá... rs vai desde amigos que estavam passando e ficam horas ali papeando, até vendedores de água, vendedores de comida, uma coisa diferente. Tudo bem se isso fosse na porta da empresa mas é dentro do escritório!!!!!!!

Ai como estava perto da hora do almoço resolvi ser simpático e fazer uso dos meus quitutes para me aproximar do pessoal. Abri minha mochila, pequei um saco enorme de balas de chocolate com menta.

Mas ai.... não observei e nem copiei resolvi inovar e ser mais gentil (rs)......

Não joguei balas para ninguém, simplesmente abri o saco e ofereci às 3 pessoas que estavam na sala naquele momento. Eles sorriram, agradeceram e cada qual pegou a sua cota, ou melhor o seu 1/3 do saco.....´um inclusive abriu a gaveta pois não cabia na mão o seu quinhão de balas (rs)

No final qual foi o resultado? Não sobrou nem uma bala caso eu tivesse um ataque de hipoglicemia !!!!!
Eles riram e me falaram:
- Nossa acabou!!!!!
Não pude perder a linha, sorrindo respondi:
- Mas a vida é assim também um dia acaba, nada é para sempre (eles riram muito, só não sei se era para mim , mas algo me diz que era DE mim)

Nesse momento entendi por que meu chefe joga as balas e não oferecia o pacote. Se vc quer dividir (ao menos na Nigéria) é melhor ter sob seu controle o que sera dividido caso contrário não há muito bom senso sobre o fato de existirem outras pessoas....

As horas foram passando e a fome apertando.... como nao estava com muita vontade de comer Pepper Soup novamente, pois por ali não há onde se comer, revirei minha mochila e achei um pacote salvador.
Infelizmente, nessa hora, não cabia muita gentileza, era uma questão de sobrevivência (rs) tive que comer disfarçadamente minha bolacha passatempo......


Após meu "almoço" desci para fumar um cigarro na porta da empresa. Estava sentado e como sempre, todos que passavam ficavam me observando, eles deviam pensar:

-Quem é esse branco doido vestido de nigeriano?!?!?!?!?!?

Eis que 3 garotinhos se aproximam de mim me chamando de Igbo (igbo é a tribo que usa o tipo de roupa que eu estava usando), começo a conversar com eles.

Me contaram que moravam por ali mesmo e estavam passeando, sem nada para fazer se chamavam: Hiro, Samuel e Chuku. Me pediram comida então me lembrei que ainda tinha exatos 3 pacotinhos de passatempo em minha mochila.

Pedi que eles esperassem pois eu ia pegar um doce para eles.... subi correndo peguei as bolachas e quando voltei eles não estavam mais lá.....

Achei estranho pois eles tinham ficado animados com o que iriam ganhar. Então perguntei a um segurança que estava ali se ele havia visto os garotos. O carrancudo oficial do exército com sua AK47 no ombro me disse:

- Eu mandei eles irem embora!!!

Achei que seria melhor apenas dizer ok.......

Por que? Como isso é possível? Tamanha violência com 3 crianças de não mais que 7 anos!?!?!?!
Naquele momento não cabia a mim questionar o oficial ou repetir a postura dele e nem mesmo tentar explicar que não achei correto, cabia apenas observar e tentar entender o que se passa e por que as pessoas fazem o que fazem.

Poderiam ser aquelas crianças um risco à segurança?
Seriam elas de uma tribo rival?
Estaria o oficial apenas cumprindo sua função?
Seria ele uma pessoa cruel?

Tudo isso e muito mais passou pela minha cabeça, e pela a sua o que passa?

Nenhum comentário:

Postar um comentário